Stellar Blade Review

O ReviewerDiário de Gameplay
Ryu não é muito familiarizado com games de outros países orientais, com exceção do Japão. Por isso, mergulhou em Stellar Blade com baixas expectativas, mas foi surpreendido e agora está motivado a experimentar ainda mais jogos orientais.Tempo de jogo: 51 horas.

Terminou o jogo: Sim.

Conteúdo adicional: Conquistou todos os troféus e fez os três finais.

Mais informações: Na primeira jogatina pegou todos os colecionáveis, enquanto no New Game+ jogou no modo fácil para atropelar a campan

Em 2019, a empresa sul-coreana SHIFT UP anunciou o Project Eve, um novo jogo de ação estipulado para PS4, Xbox e PC. O teaser mostrava Eve em um campo completo de corpos, enquanto ela proclamava que era hora de recuperar o planeta. A prévia também mostrou um Naytiba, inimigos horrendos cujo design se manteve parecido com o atual.

Em 2021, durante um PlayStation Showcase, foi divulgado o primeiro trailer completo de Project Eve. O trailer apresentou Eve em sua versão final e uma luta contra o Demorrostador, um chefe presente no jogo final, além de outras fases. Um ponto interessante no trailer é que quando Eve encontra um Naytiba, Adam o chama de Native, de nativo, e se formos considerar que no coreano não existe a letra “V”, onde ela é trocada pela letra “B”, o Native se torna Natibe, que pode ter sido a origem de Naytiba. Ao fim do trailer, o logo Project Eve aparece, mas dessa vez o jogo é citado como exclusivo de PS5, removendo tanto as versões de gerações antigas como também as de Xbox e PC. Em 2022, durante um State of Play, Project Eve recebe outro trailer e a renomeação para Stellar Blade.

O ilustrador Hyung-Tae Kim é o fundador do estúdio SHIFT UP. Desde 2001, quando fez sua primeira ilustração de jogos em Magna Carta: The Phantom Avalanche, Hyung-Tae Kim manifestou um estilo artístico que hoje é considerado polêmico. Todas as suas criações femininas apresentavam mulheres magérrimas, com seios e nádegas fartos, em roupas embaladas a vácuo. Magna Carta, apesar de ser um RPG excelente, nunca foi globalmente famoso e, portanto, não atraiu tanta atenção. Nos trailers de Stellar Blade, a aparência de Eve sempre foi alvo de muitas críticas por profissionais da indústria, algumas válidas, outras nem tanto. Ao mesmo tempo, os fãs também ergueram suas vozes, novamente, alguns com mérito, outros exagerados. Como dizia meu avô, “tudo em excesso é ruim”.

De qualquer forma, esse efeito Streisand, a tentativa de censurar algo que acaba resultando na sua promoção, elevou o Stellar Blade aos holofotes e o fez se tornar o jogo mais vendido da PSN no seu mês de lançamento. Alguns especialistas especulavam que o Stellar Blade vendeu 1 milhão de unidades no dia do lançamento ou no fim de semana seguinte.

Em geral, gostei muito de Stellar Blade. A mitologia do mundo é mais rica do que sua história, mas após passar tanto tempo analisando cada mínimo detalhe, é difícil não se apegar, mesmo que os personagens sejam o ponto mais fraco do enredo. A jogabilidade é uma delícia e vai se inovando até o fim para dar aquela sensação de ar fresco. Nem me deixe começar a falar da trilha sonora, uma das melhores que já ouvi em jogos e merece todo o carinho do mundo. Quanto ao visual, bom, jogo lindíssimo, gráficos exuberantes, e a protagonista… Depois falamos disso.

História e Mitologia

Stellar Blade começa com uma transmissão espacial, informando que a missão do esquadrão aéreo é derrotar todos os Naytibas, especialmente o Naytiba ancião. Em seguida, aeronaves adentram a atmosfera da Terra, são alvejadas e cápsulas solitárias saem desses veículos, aterrissando no planeta. De uma delas sai Eve, a protagonista, em meio a um campo recheado de conflito e destruição.

O pontapé inicial de Stellar Blade é cheio de mistérios e perguntas que mal temos tempo de digerir porque a ação toma a dianteira e nos leva a digladiar inimigos atrás de inimigos. Após umas cenas de alta octanagem, mortes e tutoriais, o ritmo desacelera e chegamos a Eidos 7, onde o jogo pega na nossa mão e começa a responder algumas perguntas e apresentar o universo em que estamos.

Stellar Blade não é um Soulslike, mas ele segue o molde de narrativa ambiental e por itens do gênero. Enquanto caminhava por uma cidade destruída, Eve faz indagações mundanas, enquanto Adam, seu mais recente parceiro que opera um drone, responde às suas curiosidades e lhe dá instruções básicas sobre o mundo. Ao encontrar corpos e checar seus cartões de memórias, comecei a conhecer mais sobre a mitologia de Stellar Blade e tudo que permeia seu cenário pós-apocalíptico.

O jogo me contou que Eve faz parte de um esquadrão aéreo enviado por uma Colônia espacial para caçar e eliminar todos os Naytibas, mas são livros, cartões de memórias e outros documentos que ilustram melhor essa relação. Descobri que a operadora mor da Colônia é chamada de Mãe Esfera, uma entidade misteriosa à qual muitos da humanidade doutrinam como uma figura religiosa.

Aos poucos fui desvendando quem são os Naytibas, esses seres orgânicos ferais e horrendos cujo único ímpeto é a violência. Aprendi também que o jogo se passa bem no futuro, provavelmente no fim do século XXII ou começo do XXIII, onde as criptomoedas dominavam o mercado, células de baterias super-potentes iluminavam toda uma cidade e seres humanos com próteses biônicas eram mais comuns do que celulares.

Quem jogar Stellar Blade e acompanhar sua história apenas pela narrativa tradicional, talvez perca um detalhe aqui ou ali, enquanto aqueles que se mergulharem na leitura de itens e documentos auxiliares terão um maior entendimento e possam até mesmo desvendar as tramas futuras.

Eu gosto de ler tudo, o que ajudou a enriquecer o universo de Stellar Blade. Talvez isso tenha aumentado meu apreço ao jogo. Mesmo que você não leia tudo, é fácil saber o que está acontecendo, qual a missão de Eve, e para onde vamos. O objetivo final é derrotar o Naytiba ancião e no caminho vamos derrotando Naytibas menores. O design do jogo é separado por grandes mapas e fases menores, como se fossem masmorras. No início e fim de cada mapa, há um desenvolvimento narrativo, que explica mais sobre o que está acontecendo ou dá novas informações, que podem ser respondidas só no decorrer da trama.

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Stellar Blade se sustenta muito na perspectiva ignorante de Eve perante o mundo. E nós, jogadores que estamos presenciando tudo ao lado dela, vamos aprendendo junto. A princípio, é muito intrigante e imersivo acompanhar tudo ao lado da protagonista. Só que, conforme o jogo se prolonga, um problema fica bem aparente. Eve é muito superficial. Sua curiosidade e vontade de aprender sobre situações comuns como livros, violões e chuva carrega uma ferramenta de storytelling bem discreta, mas informativa. E quanto mais a trama avança e eu era surpreendido por alguns eventos, eu queria que Eve tivesse reações mais bombásticas e reais, mas ela continua sempre muito plana e apática.

Lily e Adam, os dois coadjuvantes mais presentes, também não ajudam muito. Adam é o humano mais raiz do trio e suas respostas sempre parecem pender para o favorecimento da humanidade. Lily, uma engenheira de outro esquadrão aéreo, parece estar ali para ser uma adição fofa ao grupo e também antagonizar Adam em momentos oportunos, só para gerar um mini conflito. Esses conflitos, porém, morrem cedo e não levam a nada. No fim, o foco foi seguir em frente com a missão, ignorando o que meus parceiros personagens tinham a dizer sobre os acontecimentos.

Dito isso, senti que o universo de Stellar Blade, toda a sua mitologia é extremamente riquíssima. Dá para ver que foi criado com muito cuidado e atenção aos detalhes. É um tipo de conteúdo que seria fácil de expandir para outras mídias, considerando o tanto de material produzido. Mas talvez toda essa produção não seja refletida na narrativa, na forma como a história é contada. Eu sou extremamente a favor de jogos que adicionam materiais extras para enriquecer sua história dentro do gameplay, mas sou fortemente oposto quando esses conteúdos secundários se tornam uma obrigação. O problema aqui é que não posso afirmar se acompanhar só a missão principal de Stellar Blade seja suficiente para entender sua história, já que li tudo. Para referência, assisti alguns criadores finalizando o jogo e logo em seguida soltando um “não entendi nada.”

Isso porque, além da lore de Stellar Blade ser dependente de documentos secundários, o jogo possui três finais, o que pode gerar ainda mais confusão. Eu fiz os três para poder compor esta review 100%, mas se eu ficasse apenas no primeiro, confesso que também ficaria perplexo. Após ter feito os três finais, porém, tive um maior apreço ao jogo, mesmo que eu ache sacanagem um obrigarem o jogador a passar por tudo de novo só para ver uma cutscene diferente no final. Ainda bem que o YouTube está aí para salvar o tempo da galera.

No fim, eu gostei da história e da mitologia de Stellar Blade. Acredito que o desenrolar da narrativa tenha dado uma margem suficiente para uma continuação e, como o diretor do jogo já confirmou, eles querem sim uma sequência. Mal posso esperar para jogar Stellar Blade 2 em 2030!

Gameplay e Progressão

Quem conhece meu canal ou o site sabe que ambos são extremamente focados em RPGs. Não importa o gênero. Se tiver RPG – ou alguns elementos de – eu vou jogar e produzir uma review. Por isso, quanto mais eu jogava Stellar Blade e mais eu percebia que os elementos de RPG aqui são extremamente minimalistas e quase não existem, eu ponderei se deveria ou não fazer review. Mas ora, investi mais de 50h, claro que vou fazer!

Saiba que, embora o criador de Stellar Blade o considere um RPG, há muitos na internet que não. Isso porque o jogo não tem level, o sistema de equipamentos é modular, mas ainda sim super direto, e ele só tem uma árvore de habilidades porque todo jogo da Sony é obrigado a ter. Explicarei melhor como funciona o sistema de progressão em Stellar Blade.

Ao matar inimigos, ganhamos experiência. Ao atingir um certo limite, ganhamos um ponto de habilidade que podemos colocar numa árvore e melhorar habilidades variadas. Podemos aprender novos ataques e melhorar seus efeitos, estender a janela de tempo para fazer um aparo ou desvio perfeito, ou desbloquear um contra-ataque após ter feito uma das duas medidas defensivas mencionadas, entre outros bônus. São todos elementos que melhoram e expandem o combate, mas algo totalmente previsto de um jogo de ação.

Os equipamentos são separados em exo-medulas espinhais e acessórios que aumentam dano de ataque, de um combo, a defesa, a chance de crítico, como também acessórios que influenciam atributos-base, como HP, escudo e a barra de Beta, o equivalente ao MP. É possível, sim, montar uma build ao mesclar diferentes tipos de equipamentos. Uma vez joguei com uma build que favorecia combos de ataques comuns, mas na segunda jogatina fui com uma que favorecia as habilidades para eliminar os chefes rapidamente. Tem um certo dinamismo nos equipamentos, mas nada que vá influenciar dramaticamente seu estilo de jogo.

Também é possível aumentar HP e a barra de BETA ao encontrar alguns recursos espalhados pelos mapas. E é isso o sistema de progressão. Árvore de habilidades, equipamentos que aumentam um percentual de atributos e medulas espinhais que aumentam MUITO o percentual de um atributo. É aqui que o criador diz que estão as características de RPG em Stellar Blade. Essas evoluções de status e criações de builds. É, discordo um pouco, mas vou fingir que concordo para continuar falando que só faço reviews só de RPGs.

Já o combate de Stellar Blade é uma delícia. A cadência e ritmo da ação não são iguais a um Soulslike, daquele jeito vagaroso e telegrafado. Por outro lado, não é tão dinâmica e ligeira como de um hack’n slash padrão. Tá ali na meiuca, é um jogo tradicional de ação. Para combar é possível apertar cada botão de face de forma controlada, sem precisar esmagar o controle, que Eve responde apropriadamente. Eu prefiro jogos assim. Sou uma negação em Soulslike e sempre sou punido por ser impulsivo, enquanto o frenesi de um hack’n slash parece ignorar toda minha estratégia. Stellar Blade está num balanço perfeito.

Em combate, Eve tem duas variações de combos, com ataques leves e pesados, podendo alternar entre eles para desferir golpes diferentes. Também é possível dar aparo, o famoso parry, que abre a guarda do inimigo momentaneamente ou desviar no último instante e lerdear o tempo, também possibilitando um contra-ataque certeiro. Enfrentar inimigos comuns logo se torna uma prática meio repetitiva e mecânica, mesmo que novos sejam introduzidos em cada área. Como eu ficava procurando itens por todo o canto, eu enfrentava constantemente a mesma galera e era a mesma estratégia: atacar por trás de forma sorrateira e matar de uma vez só e depois emendar uma habilidade em área para matar o resto.

Por outro lado, as lutas contra os chefes são o ponto alto do combate. Cada um é bem distinto do outro, criando um dinamismo no gameplay. Eles começam simples, com golpes facilmente reconhecíveis, mas vão evoluindo conforme a batalha passa. Ainda assim, dá para vencer a maioria facilmente porque Stellar Blade é bem generoso com itens. Além de ter quatro variações de cura e poder ressuscitar 3x durante o combate, temos também granadas que podem atordoar o chefe momentaneamente, não importa o tamanho do brutamontes. Isso quebra qualquer investida dos oponentes e me dava um tempo para respirar.

Stellar Blade oferece dois tipos de habilidades distintas, os ataques Betas e outro tipo que aprendi só mais para frente. Para usá-las é necessário um recurso para cada, esses recarregados ao bater nos inimigos, apanhar, aparar ou desviar. Ou seja, o combate inteiro comunica entre si e premia os jogadores mais talentosos. Em certo momento também liberamos o drone armamentista, que pode disparar foguetes, tiros de espingarda, explosões ou raios. A munição é bem limitada, mas esses ataques à distância causam um belo estrago. Teve vários chefes que usei e abusei de explosivos para mantê-los longe de mim enquanto eu me curava.

Stellar Blade tem um bom intervalo entre inimigos comuns e chefes e uma quantidade saudável de desafios. Os chefes finais são os mais casca-grossas e me deram um trabalhão danado. Para aqueles que não estão acostumados, é possível jogar no modo história, equivalente ao fácil, e ao encerrar o game pela primeira, além de habilitar o New Game+, a dificuldade difícil é adicionada, mas infelizmente não há um troféu por jogar nela.

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Como passei a maioria do jogo em combate, posso dizer que me diverti demais. O combate é fluido, responde bem aos comandos e nos dá diversas ferramentas para enfrentar os Naytibas, liberando novas conforme o jogo passa. Ora eu ia no stealth, matando inimigos de forma sorrateira só para explorar uma região, ora eu queria é descer o sarrafo em uma multidão com ataques em área. Mas em muitos momentos optei por arremessar mísseis à distância e não lambuzar meu outfit da Dolce Gabanna com secreções bestiais. No fim, me diverti à beça e digo que Stellar Blade apresenta uma excelente jogabilidade de ação.

Exploração e Conteúdos Secundários

Logo no começo, enquanto Adam opera o drone, ele me ensinou a escanear os arredores e eu sabia que estava lascado. Esse scan mostra onde estão os inimigos, como também corpos, baús e outros objetos interativos. Eu sabia que ia passar a maioria do tempo escaneando tudo em busca de itens e foi isso que aconteceu. Por sorte, Stellar Blade tem uma exploração muito prazerosa.

Stellar Blade não é um jogo de mundo aberto. Ele é separado por fases e duas dessas, além da cidade principal, apresentam um mapa para me orientar. As fases menores, como se fossem masmorras, dependem apenas do seu faro e instinto de explorador. Eu usei um guia para pegar os inúmeros itens adicionais, esses que em sua maioria são artifícios para enriquecer a lore, mas muitas vezes são novos equipamentos, trajes para Eve ou materiais de crafting. Mesmo sem um guia, o drone é bem generoso e, se você for paciente, consegue pegar tudo por conta.

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Stellar Blade tem dois sistemas de missões secundárias. Primeiro, sidequests tradicionais. Eu conversava com um NPC, ouvia seu apelo, e o ajudava pela bondade do meu coração e pelo interesse monetário. O segundo sistema é um quadro de tarefas, que tem o mesmo funcionamento que as sidequests, mas apresentavam objetivos mais diretos como matar uma certa quantidade de inimigos ou encontrar um item perdido. O quadro de tarefas é um sistema que me influenciava a explorar ainda mais uma nova área e procurar nos cantinhos mais reclusos por aquele cartão de memória de um falecido.

As recompensas eram pontos de experiência para árvore da habilidade, dinheiro e/ou materiais, enquanto as sidequests podiam liberar algum mecanismo novo no jogo, como o cabeleireiro, para deixar Eve mais estilosa. Muitos vão falar que as sidequests são monótonas e seus designs são repetitivos e, bem, concordo. Não inventam a roda, apenas a estilizam para simular o universo de Stellar Blade. Mas muitas sidequests enriquecem ainda mais a mitologia do jogo. Os poucos, mas charmosos, personagens secundários se expandem caso você faça toda a sua questline.

Por exemplo, tem a quest da Enya, uma cantora. Ela se expande por três ou quatro outras quests e, no seu decorrer, fui conhecendo mais sobre ela e Su, seu parceiro. Aos poucos fui criando familiaridade com os dois, entendendo seus problemas, seu passado e quem eles eram. Tanto que, no fim do jogo, eles apareceram para me dar um alô, desejando sorte na minha empreitada de salvar o mundo. Foi o mesmo que ocorreu com todos os outros NPCs que tinham uma corrente dedicada de quests.

Eu fiz todas as quests do jogo, mas dá para você deixar passar uma ou outra e ainda aproveitar Stellar Blade. Porém, saiba que temos um gigantesco porém aqui na completude de quests. Stellar Blade possui três finais e um desses requer que você faça uma boa quantidade de conteúdos secundários para encher a barra da Lily até os 100%. Caso faça isso, o jogo automaticamente libera um mapa novo, que expande a história de Lily e dá uma ferramenta para possivelmente adquirir o que é considerado o final secreto.

Enquanto o conteúdo secundário de Stellar Blade é bem arroz e feijão, a exploração é muito orgânica e atrelada ao jogo, o que me motivava naturalmente a ir atrás dos extras. Eu sou alguém que prezo mais pela progressão em um RPG, ou pseudo-RPG, do que outros sistemas, então ficar caçando novos itens, fossem esses simplesmente cosméticos, já me deixava com uma sensação de dever cumprido e satisfação.

Visual e Áudio

Stellar Blade possui três opções gráficas: performance, balanceada e resolução. Performance prioriza 60 FPS enquanto Resolução foca no 4k. Balanceada, a opção que joguei simula um 4k com upscaling, enquanto tenta manter uma taxa de 60 FPS. Não senti quedas no FPS, então a jogabilidade foi satisfatória. Por outro lado, não sei se o jogo se manteve em 4k, mas os gráficos estavam formosos.

Não sou super inteirado em fashion, mas minha alma gêmea é profissional em marketing de moda e, de acordo com ela, todos os trajes de Eve são incríveis — pelo menos àqueles os quais podemos usar em um jantar em família. Mas isso porque o jogo em geral é muito bonito. Polêmicas à parte, Eve é sim bem lindona e, dependendo do traje utilizado, não tem nenhuma hipersexualização tão exposta no jogo. Se você jogar com o traje padrão por todo o game, beleza, dá até para jogar ao lado da sua mãe.

Mas é só colocar um vestidinho que lascou. A câmera é, sim, bem sugestiva e vai frequentemente mirar na retaguarda de Eve. Confesso que em dado momento isso até me incomodou um pouco, como em uma cena de perseguição onde Eve estava fugindo de Naytibas violentos, cheio de explosões e armadilhas, mas a câmera insistia em se esgueirar por debaixo da Eve e mostrar sua calcinha da Victoria’s Secrets, quebrando todo o ritmo e emergência perigosa da situação.

Um dos pontos altos do jogo é nas execuções de chefes. Eve sempre elimina o inimigo com manobras e ataques mirabolantes, sempre bem cinematográficos e espalhafatosos. Há diversas cutscenes espalhadas pelo jogo que também reforçam esse lado cinema dos jogos da Sony e aqui em Stellar Blade ajudaram a enriquecer a narrativa.

Para aqueles que gostam de desempenho, saiba que Stellar Blade nunca engasgou comigo. Não teve queda de frames e nem travamentos. O combate era super responsivo, as cutscenes rodavam como um MP4 e a qualidade visual sempre foi um esmero.

Agora, em questão de áudio, pelo amor de Kaiser. Em NieR, um dos jogos com as melhores trilhas da indústria, o compositor líder é Keiichi Okabe, em assistência com os colegas do seu estúdio musical, Monaca. Em Stellar Blade, o estúdio Monaca é o responsável por compor 40% das suas trilhas sonoras, porém muitas matérias ressaltam que Keiichi Okabe não produziu nenhuma, apenas seus colegas. Mesmo assim, a referência está ali. Evitei comparações entre Stellar Blade e NieR por toda a review, mas aqui na trilha sonora não tem como evitar, porque ambos os jogos têm trilhas sonoras divinas. Falo isso de boca cheia e peito cheio de orgulho, mas Stellar Blade tem uma das melhores trilhas sonoras que já ouvi em um game.

Ela é melancólica, misteriosa, com uma melodia que seduz, mas, ao mesmo tempo, me deixava meio aéreo, pensativo. Retrata bem um cenário pós-apocalíptico, mas com aquela matiz de esperança bem evasiva. E em momentos em que ela precisava ser imponente e demonstrar cenas ágeis, recheadas de energia e impacto, a trilha crescia e representava, não deixando nada a desejar.

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Eu quase chorei na trilha do último chefe, quando um motif surgiu do nada. Em música, motif é um pequeno conjunto de notas que captura a essência ou a ideia da obra. É uma repetição, seja remixada ou simplificada, de uma estrutura musical que se repete em vários momentos. Quando ela é atribuída a um personagem, isso se chama leitmotif. Pense no tema do Chocobo de Final Fantasy que já teve inúmeras representações diferentes, mas é facilmente reconhecível.

Eu sempre digo que qualifico a excelência da trilha sonora de um game se eu continuar a ouvi-la após ter terminado o jogo. No caso de Stellar Blade, tenho quase certeza de que uma ou outra música aparecerá na minha retrospectiva do Spotify porque estou a todo momento querendo me afundar nessa melodia tristonha e sedutora de suas trilhas. Muitas delas são cantadas, aliás, o que as deixa ainda mais sublimes.

Completando 100%

O 100% de Stellar Blade está entre o muito gostoso e o xarope. A platina não o representa, porque muitos troféus que exigem pegar colecionáveis não pedem para pegar todos esses, apenas uns 80%, como, por exemplo, a pesca. Ainda assim, fazer a platina e buscar pelo 100% é motivador, porque nos leva a explorar muito conteúdo que o jogo oferece e não chega a ser tão cansativo.

Uma das conquistas mais difíceis é pegar todas as latinhas de bebidas. Elas estão escondidas em uns cantos bem discretos e até o drone tem dificuldade em encontrar. Usei um guia para encontrar todas. Mas a mais frustrante é ter que fazer todos os finais, o que exige no mínimo duas jogatinas inteiras e pelo menos uma manipulação de save na nuvem da PSN Plus. Como o jogo também tem dois pontos-chave que alteram drasticamente algumas seções dele, muitos troféus são perdíveis, então é recomendado ao menos usar um guia de troféu caso queira pegar tudo de forma mais prática.

Alguns troféus exigem que você explore as mecânicas de combate de Stellar Blade, como fazer 300 aparos perfeitos ou 200 evasivas perfeitas. Sou alguém que prefere aparar inimigos, então tive que ficar farmando as evasivas para conseguir o troféu, tornando o processo muito mais oneroso do que deveria. Muitos, porém, vêm naturalmente, como matar 150 inimigos com ataques à distância.

Em geral, o 100% de Stellar Blade é bem amigável para veteranos que já sabem o procedimento de caçar troféus, isso é, olhar um guia de troféus, procurar por perdíveis ou pelo menos se orientar pelo roadmap. Como o jogo tem um New Game+ que carrega todas suas habilidades e equipamentos, também dá para recomeçar o jogo e atropela-lo rapidamente enquanto busca por qualquer item que tenha deixado no caminho. Ao todo, demorei quase 51h para fazer o 100% de Stellar Blade.

Conclusão

Se alguém me falar que comprou um PlayStation 5 só para jogar Stellar Blade, eu entenderia. É uma nova IP, de um estúdio calouro em games de consoles, dois atributos que geralmente criam uma resistência em jogadores. Confesso que, se o Games Rules não tivesse recebido Stellar Blade da Sony, eu provavelmente não o teria comprado no lançamento. Mas fico feliz de que tenhamos recebido. Quando comecei a jogar Stellar Blade, eu esqueci de todos os outros jogos e me afundei no mundo de Eve enquanto a direcionava nessa jornada para salvar, ou tentar salvar, o que restava do planeta Terra.

Aliás, eu fiz um vídeo de mais de 1h contando e analisando toda a história de Stellar Blade lá no Games Rules, então isso me ajudou a imergir ainda mais na sua narrativa, o que pode — ou não — ter mudado um pouco minha percepção do jogo. Em geral, Stellar Blade é um ótimo jogo, uma sólida adição ao line-up do mundo dos games. Torço para o jogo chegar ao menos no PC, porque seria uma pena ele ficar preso só no console da Sony.

Uma chave do jogo para PlayStation 5 foi concedida pela Sony.

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